Quando falamos em contos de fadas, nos vêm logo à mente a ficção, a fantasia, os cenários distantes da nossa realidade. Mas podemos aprender algo com esses contos? Quase tomamos por simplesmente falso o ensino que se baseia na imaginação.
Nada mais enganoso do que este raciocínio. A imaginação não é sempre nossa inimiga, apesar de poder sair do controle algumas vezes, principalmente nas crianças. É através dela que, ao contrário, aprendemos muitas coisas. Os inventores que o digam. Primeiro imaginaram o objeto a ser inventado. Desenharam, calcularam e depois aquilo que estava na mente tornou-se realidade.
Diz nos a estudiosa e professora de Literatura Infantil Nelly Novaes: “… o mundo dos contos de fadas ou da literatura maravilhosa dos mitos, dos arquétipos e símbolos, que, surgindo na origem dos tempos, transformou em linguagem as “mil faces” da Aventura Humana e a eternizou no tempo”[1].
Os contos de fadas são imemoriais, têm uma origem que se perde na história humana. E, por isso mesmo, sua durabilidade mostra como foram úteis e se impregnaram de valores, juízos e sabedoria propriamente humanas.
A lição de que não devemos julgar as pessoas pela aparência física de A Bela e a Fera, de que não se deve andar sozinho em uma floresta de Chapeuzinho Vermelho, ou a de que a curiosidade pode ser perigosa, como se diz no Barba Azul, é muito útil para ensinar as crianças. Tocadas pela história, podem imaginar como deveriam se comportar numa situação semelhante.
Os temas dos contos de fadas são, em geral, completos e satisfatórios para tratar aspectos reais da vida. O psicólogo infantil Bruno Bettelheim completa: “Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o pensamento da criança, essas histórias falam ao ego que desabrocha e encorajam o seu desenvolvimento” [2].
A criança, construindo dentro de si todo este “castelo” de possibilidades através da imaginação, estará ao mesmo tempo criando os alicerces para a relação com os outros e consigo mesma, lidando melhor com as contradições e problemas da vida cotidiana.
Conheça alguns livros que podem alimentar a imaginação das crianças:
Referências:
[1] O Conto de Fadas , Nelly Novaes Coelho.
[2] A psicanálise dos Contos de Fadas, p.13, Bruno Bettelheim.