fbpx

O Não Nascido

(G.K. Chesterton, 1900)

Tradução: Igor Barbosa

Se as árvores fossem bem altas e a grama
curtinha, como num delírio;
se o mar fosse azul num lugar por aí
e não pálido como o lírio,
se houvesse um luzeiro de fogo no céu
capaz de aquecer os meus dias,
se verdes cabelos nascessem nos morros
eu sei bem o que eu faria.

Eu vivo no escuro, sonhando que existem
olhares gentis ou distantes;
e ruas perdidas, e portas fechadas,
e gente por seus habitantes.

Que venham as nuvens pesadas: Melhor
é viver uma hora, lutando,
chorando que seja, que estar sempre preso
à noite que vou governando.

Eu creio que se me deixassem sair
e ao mundo mostrar minha face,
eu seria bom todo o tempo em que eu
na terra das fadas passasse.

Nenhuma palavra maldosa, egoísta,
alguém me ouviria dizer;
se ao menos a porta eu pudesse encontrar,
se ao menos chegasse a nascer.

Compartilhe

Deixe uma resposta