fbpx

Semana Santa, Sexta-Feira

Imagem das Procissões da Semana Santa em Málaga

Hoje é o dia de contemplarmos a Paixão do Senhor. Às três horas da tarde, adoraremos o Lenho da Cruz, no qual pendeu a Salvação do mundo.

Quando olhamos para a cruz, vemos o supremo sofrimento de Nosso Salvador; mais ainda, compreendemos o sentido profundo desta dor: foi por nós! Foi por mim e por você. A cruz é sinônimo de dor, mas não qualquer dor: a dor sofrida por amor.

Nosso Senhor deu tudo o que podia, foi até o fim, até o excesso. Poderia ter-nos salvo com um simples suspiro do coração, mas quis ir até ao extremo da cruz, para testemunhar toda a sua prodigalidade, para que ninguém duvidasse do que ele é capaz por amor.

Nós já sabemos por experiência: amar dói. Só quem não amou não sabe do sacrifício que custa amar. Santa Teresinha, a santa que fez da imitação do amor sacrificial de Jesus seu caminho de vida, disse:

“Unicamente a imolação integral de si próprio merece o nome de amor”.

Foi o que fez Nosso Senhor naquela cruz bendita — amou-nos, amou-nos até o fim. Seu poder infinito, também é amor infinito. Henri Nouwen ensina que até o momento em que foi entregue, Jesus agiu: fez milagres, curou, pregou, ensinou, instituiu sacramentos… Agora, na paixão, Jesus para de agir, passar a ser um agente passivo (passion), não age mais, são os homens que agem sobre ele. E agem com escárnio, violência, impiedade… Jesus coloca em prática a proposta do Sermão da Montanha:

“Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.” (Mt 5,39)

Jesus não revida, não resiste, ele se oferece. Derrota o mal assumindo-o sobre si. “Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos” (Isaías, 53,4). Nosso Senhor, como profetizou Isaías, não “levantou a voz”, não “abriu a boca”. Venceu o mal como o Cordeiro que se deixa levar ao matadouro. Manso e humilde. Ele que poderia, invocar uma legião de anjos, silenciou-se por amor, ensinando-nos a “não nos deixar vencer pelo mal, mas triunfar do mal com o bem.” (Rm 12,21)

Por isso hoje nós contemplamos e adoramos a Cruz de Nosso Senhor. Nós sabemos que foi por amor.

***

“Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz,a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno

É, portanto, grande e preciosa a cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo. “

(Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo)

Compartilhe