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Trindade e Ordem Social

Pedro Ribeiro*

     Trindade de Rublev

 

Não há melhor modelo de sociedade para a ordem política do que a Santíssima Trindade.

Ali, há governo de uma autoridade legítima. De fato, por mais que Pai, Filho e Espírito tenham a mesma dignidade e poder, na ordem da processão, há uma hierarquia entre eles: o Filho procede do Pai, o Espírito procede do Pai pelo Filho. Apenas o Pai não procede de ninguém e é a Fonte primeira da vida trinitária. É o que os orientais chamam de “monarquia do Pai”.

Ali, o poder é serviço. De fato, o Pai, Fonte primeira e Todo-Poderoso, não faz de sua força um poder ensimesmado, mas, ao contrário, doa-se inteiramente desde toda a eternidade, comunicando sua vida divina, gerando o Filho e espirando o Espírito.

Ali, há perfeita harmonia entre a unidade e a diversidade. Como diz o Concílio de Florença, o Pai não é o Filho nem o Espírito, o Filho não é o Pai nem o Espírito, o Espírito não é o Filho nem o Pai, mas o Pai está todo no Filho e no Espírito, o Filho está todo no Pai e no Espírito e o Espírito todo no Pai e no Filho. Pericorese, interpenetração completa. Diversidade de Pessoas, Unidade de Substância.

Ali, há total comunhão de bens. Com efeito, cada um tem o seu próprio, sua propriedade: um é o Criador, outro o Redentor, outro o Santificador. Entretanto, o que pertence a um pertence a todos, de modo que a propriedade pessoal de cada um nunca é anulada, mas serve sempre aos outros.

Ali, há prosperidade e inclusão. Pois que a Trindade não se fecha sequer em sua própria comunhão interna, mas se abre para fora, dando origem ao mundo criado e chamando todas as criaturas, em especial os homens, a participar de sua vida íntima. Eis aí comunhão fértil, que gera frutos para além dela mesma e que convida os outros à união.

Ali, há prevalência do bem comum.

 

***

* Pedro Ribeiro é graduado em filosofia pela UERJ e trabalha como professor da disciplina nos âmbitos do Ensino Médio e de pré-vestibular.

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